quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sujeito Oculto

Gente diferente, lá fora.
Busco palavras para expressar o que penso sobre essa massa que saracoteia sacolejante, envolta em virtudes inatas, por entre achincalhes e vilipêndios, rumo a catastróficas probabilidades de marasmo.
Furtivamente, observo alguns da janela de um segundo andar, por entre persianas que escancaro sem preocupar-me em denunciar meu esconderijo. Ora, aqui em cima, despercebido, posso ser-lhes um deus sem que eles saibam. Entre a senhora horrivelmente feia com uma blusa amarela, a criança no seu colo e o fantasma que aqui em cima os via atravessar a rua lá fora, qual vai lembrar deste momento daqui oitenta e dois dias? O deus de suas vidas insignificantes.
Mas não sou onisciente, apesar de saber de tudo.
Gente diferente e cores diferentes, lá fora.

Em dúvida sobre minha divindade, decido desfraldar também uma cor, única e irrevogável, representando-me perantes os mortais a quem governo. Uma cor que eu mal saiba reconhecer, na minha percepção grosseira de quem não se importa.
Sou, portanto, o Deus do Repolho Roxo; repolho azedo, como uma tarde que teima em não passar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário