terça-feira, 29 de maio de 2012

Interlúdio em Si Bemol

Ela era Sofia e não sabia.
Nem sentia, dia a dia, o velho Adolfo a lhe espiar.
Ali residia, na visão daquele senhor, o problema de amar tal seu amor; no singular, no sutil ar, nu a cintilar, estava seu Adolfo e seu amar em tom febril.
Ela era Sofia e não podia deixar de ser, pois não escolhera se começar.
Criatura que era, foi sem opção lançada ao cosmo, a óleo, ao céu em tom pastel.
Ela era Sofia e não sabia se olhar; era só, só, e só sabia ser Sofia.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Adolfo observa Sofia

"E se a Sofia criasse alma? Soubesse andar por aí, penetrar no mundo das retinas, usar seus olhos para ver, e não só encarar... Se a Sofia entrasse no universo dos viventes, sofredores, e passasse a ter seus próprios ódios e rancores, será que, em sua agora finita juventude, ela saberia me amar?
Talvez não, e o conhecimento da atrocidade cometida por mim, no ato de criá-la, jamais fosse perdoado. Ainda assim, não seria melhor conviver com esse esmago, esse estrago incerto, do que com a certeza pífia dessa imagem rasa, inafogável?
Não sei, e na minha essência de animal não divino, nunca saberei.
E... não sou eu, também, um raso retrato da ideia de alguém? Se for, talvez nunca tenham voltado pra observar esse velho quadro decrépito.
Tchau, Sofia; vou comprar pão."

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Tolice condenar a fuga; a mim, é essa uma chance de correr pra um ponto de vista diferente. Levar só o que precisa.
A ideia é ave selvagem; não se pode prendê-la sem a ferir. Não se pode segui-la sem deixar o resto pra trás.

Um lugar calmo

Porque não há paz sem haver solidão.