Sou escritor em fuga; corro para frente buscando uma saída, paro para pensar e me arrependo de ter parado. Não tivesse parado, não me arrependeria - por não ter parado ou por não poder sem parar? Fujo.
Não fugisse, escreveria. Seria escritor escrevente; escreveria. Mas fujo. Arranjo tempo depois da correria. Antes, tenho algo a aprender e algo a lembrar. Amanhã tem geleia. Mas ontem tinha acento. Não importando esta regra que teimo em aprender, consigo escapar da obrigação de escrever o que eu queria ter escrito. Preciso, para isso, contornar uma barreira, um desvio; fujo.
Soubesse para onde ir, iria. Fugir não envolve o destino próximo, mas o anterior. Fugir daqui, sem saber para onde. Paro. Penso e me arrependo de pensar. Não pensasse, saberia o que dizer. Sigo a fazer o que sei, sem nada dizer: fujo.
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