Sou escritor em fuga; corro para frente buscando uma saída, paro para pensar e me arrependo de ter parado. Não tivesse parado, não me arrependeria - por não ter parado ou por não poder sem parar? Fujo.
Não fugisse, escreveria. Seria escritor escrevente; escreveria. Mas fujo. Arranjo tempo depois da correria. Antes, tenho algo a aprender e algo a lembrar. Amanhã tem geleia. Mas ontem tinha acento. Não importando esta regra que teimo em aprender, consigo escapar da obrigação de escrever o que eu queria ter escrito. Preciso, para isso, contornar uma barreira, um desvio; fujo.
Soubesse para onde ir, iria. Fugir não envolve o destino próximo, mas o anterior. Fugir daqui, sem saber para onde. Paro. Penso e me arrependo de pensar. Não pensasse, saberia o que dizer. Sigo a fazer o que sei, sem nada dizer: fujo.
quinta-feira, 20 de março de 2014
quarta-feira, 5 de março de 2014
Entre nós
Lá dentro vive um mundo minúsculo.
Eu poderia morar ali.
Eu poderia causar transformações ali.
Poderia trazê-lo abaixo, desfazer seus caminhos;
Se eu desamarrasse o portal que existe entre nós,
nada seria como era.
Decido por deixá-lo assim e ir embora.
Enquanto as mudanças invisíveis vão acontecendo, eu fico aqui parado:
olhando pelo buraco da fechadura.
Eu poderia morar ali.
Eu poderia causar transformações ali.
Poderia trazê-lo abaixo, desfazer seus caminhos;
Se eu desamarrasse o portal que existe entre nós,
nada seria como era.
Decido por deixá-lo assim e ir embora.
Enquanto as mudanças invisíveis vão acontecendo, eu fico aqui parado:
olhando pelo buraco da fechadura.
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