Eu consigo sentir. O quê?
Eu posso ouvir. O quê?
Uma voz me conta sobre o dia de ontem,
e das noites que virão.
Eu consigo vê-lo, por entre as nuvens
Em cada manhã, uma revolução nos saúda.
Que falta de educação a nossa; jamais respondemos.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
A Corda da Discórdia
Tu;
já teve a sensação de uma voz, de fundo, te acompanhar tendo sempre algo a dizer, pronta a emitir uma discordância com qualquer recém descoberta razão de felicidade, qualquer novidade que tende a ser agradável, mostrar que tem uma ponta desfiada, um algo errado por todo lado, como a terceira corda insistindo em ficar meio tom abaixo, estragando logo o primeiro acorde que tu toca depois de ter tirado o violão do cantinho onde estava escorado na parede, depois de um bom tempo esperando pra chegar em casa com saudade do sossego e tocar qualquer coisa suave, um acorde sem pestana, uma música calma, que soa toda tensa por causa daquela corda, aquela nota errada ali no meio, quebrando ao meio tua expectativa, dizendo que a tranquilidade não é pra agora, que tu achou mesmo que ia ser fácil, que o mundo girou enquanto tu tinha o olhar fixo em algum lugar de onde não percebia quase nada acontecendo, ali está ela, aquela discordância que insiste em explicar que essa ilusória percepção de felicidade, bem, ela é realmente ilusória, não passa de uma circunstância mal analisada, se algum som não soou errado é porque nem todas as cordas foram tocadas, e ali está a corda do sol, mais solta do que deveria, mais grave do que tu esperava na tua concepção otimista de uma ordem pré-determinada por alguém que não tem a capacidade de garantir que ela seja cumprida, ali está um demônio te lembrando que teus sonhos sobre nuvens fofas não durarão mais que um cochilo, que esse repouso vai te custar a baba no travesseiro, que ocupar a mente vai te trazer algum esquecimento, e que lembrar de algo bom vai te fazer esquecer de algo importante, pois bem, existe em algum lugar uma fada macabra que veste um vestido roxo rasgado e tem bafo de bife acebolado e ela está ali pra te lembrar de que tuas ideias não são teu domínio, ela está ali guardando todas as percepções que tu atirou pra algum canto a esquecer, mas ela, ela não esquece, ela faz questão de te lembrar de que tu é uma criatura mundana, um ser quase contente acorrentado de maneira irrevogável à tua consciência; Já? Ein? Einhê?
já teve a sensação de uma voz, de fundo, te acompanhar tendo sempre algo a dizer, pronta a emitir uma discordância com qualquer recém descoberta razão de felicidade, qualquer novidade que tende a ser agradável, mostrar que tem uma ponta desfiada, um algo errado por todo lado, como a terceira corda insistindo em ficar meio tom abaixo, estragando logo o primeiro acorde que tu toca depois de ter tirado o violão do cantinho onde estava escorado na parede, depois de um bom tempo esperando pra chegar em casa com saudade do sossego e tocar qualquer coisa suave, um acorde sem pestana, uma música calma, que soa toda tensa por causa daquela corda, aquela nota errada ali no meio, quebrando ao meio tua expectativa, dizendo que a tranquilidade não é pra agora, que tu achou mesmo que ia ser fácil, que o mundo girou enquanto tu tinha o olhar fixo em algum lugar de onde não percebia quase nada acontecendo, ali está ela, aquela discordância que insiste em explicar que essa ilusória percepção de felicidade, bem, ela é realmente ilusória, não passa de uma circunstância mal analisada, se algum som não soou errado é porque nem todas as cordas foram tocadas, e ali está a corda do sol, mais solta do que deveria, mais grave do que tu esperava na tua concepção otimista de uma ordem pré-determinada por alguém que não tem a capacidade de garantir que ela seja cumprida, ali está um demônio te lembrando que teus sonhos sobre nuvens fofas não durarão mais que um cochilo, que esse repouso vai te custar a baba no travesseiro, que ocupar a mente vai te trazer algum esquecimento, e que lembrar de algo bom vai te fazer esquecer de algo importante, pois bem, existe em algum lugar uma fada macabra que veste um vestido roxo rasgado e tem bafo de bife acebolado e ela está ali pra te lembrar de que tuas ideias não são teu domínio, ela está ali guardando todas as percepções que tu atirou pra algum canto a esquecer, mas ela, ela não esquece, ela faz questão de te lembrar de que tu é uma criatura mundana, um ser quase contente acorrentado de maneira irrevogável à tua consciência; Já? Ein? Einhê?
quinta-feira, 11 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
quarta-feira, 3 de abril de 2013
sábado, 30 de março de 2013
Chá de Boldo
Sendo engolidos pelos tempo? Não, não. Isso foi ontem, ou semana passada, não sei dizer com certeza. Estamos sendo digeridos por ele, agora. Sendo preparados pra virar cocô, sabe? Bosta. Merda. Alguns demoramos mais a ser digeridos, temos muito a deixar pregado, impregnado na linha circular do tempo, antes de sermos tragados para fora; para ajudar nesses casos, ele sorve um adocicado e fervente chá de boldo.
quinta-feira, 28 de março de 2013
Sobre o Mesmo
Passei de música muitas vezes; não queria ouvir as mesmas de ontem, mas ela se repetiam mesmo assim. As prateleiras do supermercado era as mesmas da semana passada, com aquela falta de surpresas de sempre. Bob Dylan continuará sempre sendo o xis frango, mas eu não tenho o apetite de antigamente. Tenho, na verdade, a impressão de que foi apenas um sonho. Pode ter sido a fumaça que afugentou a nitidez, pode ter sido o trago que estragou minhas lembranças. A sorte do dia se repetia e nenhuma poesia brotava enquanto o dia passava; as vírgulas me trancam a goela e eu tento fugir para um ponto final, ao qual imediatamente renuncio, tentando dizer algo mais.
terça-feira, 26 de março de 2013
Sobre Pinceladas de Mistério
Eu olhava pela única janela possível e jamais saberia explicar o que sentia. Foi um transe, saca.
Ouvindo Neil Young eu mergulhei pesadamente em algum lugar em que não lembro de ter estado antes; nem reconhecerei se voltar exatamente lá, a visão era pouco nítida e nunca fui um bom observador visual. Me perco em lugares que já passei, as vezes, sabes bem.
Ah, lembro de algumas coisas dessa viagem curta que eu tive. Lembro de estar num lugar iluminado, luz solar no sub-trópico, um belo efeito de fim de tarde. De alguns lados, uns prismas insuspectos cintilavam, sem a ousadia de um arco-íris que, não custava nava, poderia ter aparecido. Não que eu precisasse dele. Naquele momento, não precisava de coisa alguma.
Foi um brilho que durou pouco e que me trouxe uma compreensão inexplicável. Ali eu o entendia, mas sabia que jamais seria capaz de explicar e que, no momento em que tentasse descrevê-la, esta compreensão evaporar-se-ia; como as gotículas colorizantes que permeavam minha vista, fadados estavam a desaparecer: aquele momento, aquela luz, esse sujeito.
Eu não sei o que foi isso que passou por mim, esse trovão gorgolejante que veio me pegar pela canela, me jogar num rio ou na sarjeta. Não sei como chamar esse momento e essa luz. Sei, apenas, que eram mistério. Eram, portanto, belos.
Chega de tentar.
Ouvindo Neil Young eu mergulhei pesadamente em algum lugar em que não lembro de ter estado antes; nem reconhecerei se voltar exatamente lá, a visão era pouco nítida e nunca fui um bom observador visual. Me perco em lugares que já passei, as vezes, sabes bem.
Ah, lembro de algumas coisas dessa viagem curta que eu tive. Lembro de estar num lugar iluminado, luz solar no sub-trópico, um belo efeito de fim de tarde. De alguns lados, uns prismas insuspectos cintilavam, sem a ousadia de um arco-íris que, não custava nava, poderia ter aparecido. Não que eu precisasse dele. Naquele momento, não precisava de coisa alguma.
Foi um brilho que durou pouco e que me trouxe uma compreensão inexplicável. Ali eu o entendia, mas sabia que jamais seria capaz de explicar e que, no momento em que tentasse descrevê-la, esta compreensão evaporar-se-ia; como as gotículas colorizantes que permeavam minha vista, fadados estavam a desaparecer: aquele momento, aquela luz, esse sujeito.
Eu não sei o que foi isso que passou por mim, esse trovão gorgolejante que veio me pegar pela canela, me jogar num rio ou na sarjeta. Não sei como chamar esse momento e essa luz. Sei, apenas, que eram mistério. Eram, portanto, belos.
Chega de tentar.
terça-feira, 12 de março de 2013
Anoiteceu, meu amigo.
Anoiteceu, meu amigo;
O que trazíamos para hoje já se acabou;
E levaremos embora tão pouco;
O plano de ontem não funcionou;
Para amanhã, uma ideia melhor;
Mas estaremos no mesmo lugar;
Anoiteceu, meu amigo.
O que trazíamos para hoje já se acabou;
E levaremos embora tão pouco;
O plano de ontem não funcionou;
Para amanhã, uma ideia melhor;
Mas estaremos no mesmo lugar;
Anoiteceu, meu amigo.
Sobre o Mistério
Eu diria que há algo a se descobrir, sempre. Que existe um lugar novo dentro de um lugar velho. E que esse espaço que ocupamos por acidente, ou ao menos sem culpa, vem a ser uma indecifrável novidade que passamos a conhecer cada vez menos, a cada vez que mais descobrimos.
Além, penso que passa muito por nós num encontro de dois estranhos, desses que nos ocorrem todo tempo, mas nos quais apenas raras vezes olhamos para o outro, ora, ainda mais raramente olhamos a nós mesmos, e por isso os chamei um encontro de dois estranhos: quem é esse aí que me encara todo dia no espelho? Parece que, de mim, aprendi mais, e vi mais, olhando em volta, pinicando olhares pras caras que não eram minhas, que apenas compartilhavam comigo um mistério sem saber, sem que eu também soubesse.
Ora, que relação íntima tivemos, dividindo esse momento tão único; diante de uma questão não formulada, ali estávamos nós contemplando, sem saber, uns aos outros, tudo o que temos, tudo o que tivemos, na ânsia de passar desse espaço para outro; sem saber até quando ir, nem onde parar. Para dois universos minúsculos, tão egocêntricos que somos, preocupados em manter privada uma vida sem novidades, compartilhar silenciosamente um mistério tão grande, penso, talvez seja um absurdo, talvez seja um ato silencioso justamente pela incapacidade de reconhecer uma prática tão facilmente condenável, o compartilhar de um universo que nos une a todos, que rompe os pacotes, as membranas que usamos para separar o eu do tu, duas partes que, em verdade, sabemos e negamos, não existem em qualquer forma, sendo, apenas, uma ousada definição de mortais que ousam julgar-se cientes do que se passa a sua volta e em seu interior. Mas que interior é esse que não começa nem termina nem, portanto, existe? Ah, não, eu não posso cair vítima também desse golpe. Eu devo descobrir algo sobre nós e sobre nosso momento, algo que quebre esse acordo não assinado de silêncio, esse cárcere que respeitamos sem enxergar, algo que quebre a cara-de-pau que afirma ser único num universo onde nem é coisa alguma; cá estou eu em meio a outros que decidiram pensar por outros meios, e onde chegaremos? Vamos diretamente por um caminho único, muito maior que nossas pisadinhas insignificantes, direto para um borrão desconhecido chamado aqui, esse lugar de que pouco sabemos, que recém descobrimos ser algo além do que imaginávamos, cá estamos, correnteza rumo ao infinito, sabendo um pouco mais a cada era, rumo a uma gota de chuva na calçada, indo nos despedaçar inevitavelmente num choque com uma barreira construída por alguém que não sei denunciar. E nisso eu compreendo um pouco mais.
Na dura calçada e nas duras cabeças, sobre todos nós, um pouco de chuva deve cair.
Além, penso que passa muito por nós num encontro de dois estranhos, desses que nos ocorrem todo tempo, mas nos quais apenas raras vezes olhamos para o outro, ora, ainda mais raramente olhamos a nós mesmos, e por isso os chamei um encontro de dois estranhos: quem é esse aí que me encara todo dia no espelho? Parece que, de mim, aprendi mais, e vi mais, olhando em volta, pinicando olhares pras caras que não eram minhas, que apenas compartilhavam comigo um mistério sem saber, sem que eu também soubesse.
Ora, que relação íntima tivemos, dividindo esse momento tão único; diante de uma questão não formulada, ali estávamos nós contemplando, sem saber, uns aos outros, tudo o que temos, tudo o que tivemos, na ânsia de passar desse espaço para outro; sem saber até quando ir, nem onde parar. Para dois universos minúsculos, tão egocêntricos que somos, preocupados em manter privada uma vida sem novidades, compartilhar silenciosamente um mistério tão grande, penso, talvez seja um absurdo, talvez seja um ato silencioso justamente pela incapacidade de reconhecer uma prática tão facilmente condenável, o compartilhar de um universo que nos une a todos, que rompe os pacotes, as membranas que usamos para separar o eu do tu, duas partes que, em verdade, sabemos e negamos, não existem em qualquer forma, sendo, apenas, uma ousada definição de mortais que ousam julgar-se cientes do que se passa a sua volta e em seu interior. Mas que interior é esse que não começa nem termina nem, portanto, existe? Ah, não, eu não posso cair vítima também desse golpe. Eu devo descobrir algo sobre nós e sobre nosso momento, algo que quebre esse acordo não assinado de silêncio, esse cárcere que respeitamos sem enxergar, algo que quebre a cara-de-pau que afirma ser único num universo onde nem é coisa alguma; cá estou eu em meio a outros que decidiram pensar por outros meios, e onde chegaremos? Vamos diretamente por um caminho único, muito maior que nossas pisadinhas insignificantes, direto para um borrão desconhecido chamado aqui, esse lugar de que pouco sabemos, que recém descobrimos ser algo além do que imaginávamos, cá estamos, correnteza rumo ao infinito, sabendo um pouco mais a cada era, rumo a uma gota de chuva na calçada, indo nos despedaçar inevitavelmente num choque com uma barreira construída por alguém que não sei denunciar. E nisso eu compreendo um pouco mais.
Na dura calçada e nas duras cabeças, sobre todos nós, um pouco de chuva deve cair.
quinta-feira, 7 de março de 2013
Nem ninguém
Nem sol nem lua estavam errados.
Nem trovão nem rio.
Nem seda e nem saibro.
Eram apenas opostos, ou sequer isto, apenas distintos.
Mas houve quem quis o choque, quem os quis confrontar, quem queria entre eles um vencedor, arrancar dali os derrotados.
Havia, então, alguém errado.
Nem trovão nem rio.
Nem seda e nem saibro.
Eram apenas opostos, ou sequer isto, apenas distintos.
Mas houve quem quis o choque, quem os quis confrontar, quem queria entre eles um vencedor, arrancar dali os derrotados.
Havia, então, alguém errado.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Quem sabe
Eu estou com vontade de escrever
OU
será vontade ler
OU
vontade de inventar
OU
quem sabe só vontade de deixar pra lá aquela ideia que eu não sei qual é
OU
será vontade ler
OU
vontade de inventar
OU
quem sabe só vontade de deixar pra lá aquela ideia que eu não sei qual é
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Insana e Insone Seguia Sem Guia
Ora,
eu tenho desde o dia em que, inesperadamente, pelo menos para mim,
que nesse ocorrido sou dos mais inocentes, nasci, uma alma de ser
humano, pois a única possibilidade de alma é a humana, isso aprendi
anos depois do mesmo dia ao qual me referi há pouco. Pois tendo essa
tal alma e sendo, talvez por obrigatoriedade, humano, coube a mim uma
responsabilidade intransferível, o papel de negociador entre um
corpo de carne, uma mente de animal e uma suposta consciência de ser
humano.
Ao
ser-me transferida, ou informada, de forma não devidamente
instrutiva, esta incubência, em momento algum foi esclarecido qual
destas três partes eu deveria chamar de guia. Também não
pude descobrir, fosse por leitura de escrituras sacras, ou por
descoberta própria, qual destas três partes era eu,
se é que era alguma delas, se é que eu era alguma coisa.
Pois,
analisemos a relação do suposto eu com cada um.
Ao
meu corpo não sabia dominar em funções, em forças, em
resistências, senão debilmente. Não tínhamos a afinidade própria
de quem foi concebido em conjunto, de quem foi feito para conviver em
harmonia. Fiz e faço uso dele, instrumento que é para as básicas
tarefas e subordinações das quais aprendi a depender. Porém, falta
nesta relação algum alcance, a capacidade do meu corpo
levar-me a lugares que outras partes de mim desejam ver, ter,
penetrar. Não pode ser este, portanto, a responder pelo meu eu.
À
minha mente não sabia controlar e direcionar em ímpetos, vontades
e desejos. As satisfações de que necessitava, conquanto as tentasse
obter com o uso do corpo, não as obtinha de todo, e nisso faltava a
mim ser um apenas com a suposta mente. Servia-me, ainda que
não de forma totalmente precisa ou incontestável, para me informar
sobre o entorno em que me encontrava em dados momentos em que a minha
consciência pudesse estar desperta.
Eis,
então, que falo aqui sobre a terceira das partes que julguei
existirem compondo o meu ser. Ora, esta foi, durante muito
tempo, aquela que pensei devesse ser a ponta onde se encontrava a tal
alma de que há muito falei aqui, por mais difícil que fosse
separar ou pensar separadamente sobre ela e a mente de que
falei antes. Pois no raio que explode um pensamento dentro da cabeça
de um ser humano, ou seja, parte de seu corpo de carne que
vive e morre, tomaria papel nesta explosão uma mente que sente e
reflete o que ocorre em volta deste corpo, e combusta esta e
outras percepções num suposto pensamento que ocorre então
num ponto imperceptível da mente e que vem, agora ou depois,
se é que vem, a ser recordado, interpretado, em vezes negado, pela
consciência, que habita um lugar que não sei dizer qual é,
se é que habita, e pela qual passam apenas algumas das sensações,
ideias ou percepções da mente, ou interpretações feitas a partir
do que recebe o corpo, também são poucos que são pegos pela
consciência. Pois, incapaz que é a suposta consciência
de estar ciente do que ocorre a meu corpo, minha mente, acima de
tudo, a mim, seria ela então mais uma impossível eleita para
chamar-se de eu.
Posto
que não me encontro, pelo menos não de forma garantida e aceitável,
em nenhuma destas três partes, que não sei se deveriam ser
contadas em três, se é que deveriam ser contadas, caminho então em
direção a uma questão que vem a ser a impossibilidade de
reconhecer-se-me caso tivesse a oportunidade. Ora, nunca tendo visto
antes o seu reflexo, qual animal, ao entrar numa casa de espelhos,
saberia que aquelas lá são diversas cópias suas?
Ora,
falo em animal pensando, e isso faço por ser mais que meramente um
deles, pensando, pois, em que existem animais que não são humanos e
animais que são humanos, e qual me foi ensinada a diferença entre
estes dois? Supostamente uns, nós, teríamos a nossa consciência,
n'outra explicação a razão, raciocínio, digo, e, n'outra ainda,
pasmo, uma alma. Pois, cheguei por conta de reflexões que, pela
própria forma de chamá-las percebe-se, não passam de resultados de
ideias que foram atirados pra dentro desta cabeça, ou mente, ou
consciência que eu julgo ter, cheguei há pouco a conclusão de que
não me encontro plenamente em nenhuma das partes definidas
para o meu ser humano habitar, ou o espaço que me deram para
ser humano.
Dentre
alma, mente, consciência ou capacidade racional, pouco se elucida
neste simples ato de tentar entrar em algum canto do cérebro, único
lugar onde isso tudo pode existir, se é que existe, abrir uma
janela, uma fresta que seja e iluminar, arejar um pouco esse lugar
tão peculiar que trazemos para lá e para cá. Sequer consigo chegar
a um culpado pelo fracasso nas relações de raciocínio e conclusões
espirituais que almejava um dia, quando aqui comecei a escrever. E
eu que sou, que não consigo chegar onde queria ir?
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Volver
Vim aqui escrever sobre um retorno. Esboçar o contorno de uma volta que farei enquanto digo essas coisas aqui. Ora, o shuffle me reserva surpresas cíclicas, assim como várias das circunvoluções que cometo entre um dia e o próximo. Pois a cada vez que venho aqui dizer palavras, palavreiro que me atrevo ser, fui e voltei para um ponto comum. E comum é cá estar eu, ouvindo de surpresa as músicas de uma lista de cuja elaboração sou réu. A certo ponto, eis que retorno a uma linha que havia abandonado há pouco.
Volto de uma pausa para café sem saber do que falava e me surpreendo com a nova canção com que me brinda a aleatoriedade. Em verdade, desaprovo-a e passo para a próxima. E nesta a poesia de um artista verdadeiro flui na minha carcaça, num rebuliço de verso e refrão, volto a uma ideia que me fugiu há pouco por pouco.
Ora, eu viera aqui destrinchar meus pensamentos em palavrório inspirado por um sábio que faz o mesmo. Então pretendia apenas falar sobre escrever; ou o contrário? Mas a volta, ou o retorno a que aqui me referi é, e isso pode ser constatado no histórico deste blogue, mais um novo reencontro com o mesmo assunto de uma vorteada atrás. Cá me encontro eu, falando sem saber do que, só esperando o próximo espasmo sobre as teclas tirar de mim alguma verdade - ou pelo menos um aforismo bem bonitinho.
Volto de uma pausa para café sem saber do que falava e me surpreendo com a nova canção com que me brinda a aleatoriedade. Em verdade, desaprovo-a e passo para a próxima. E nesta a poesia de um artista verdadeiro flui na minha carcaça, num rebuliço de verso e refrão, volto a uma ideia que me fugiu há pouco por pouco.
Ora, eu viera aqui destrinchar meus pensamentos em palavrório inspirado por um sábio que faz o mesmo. Então pretendia apenas falar sobre escrever; ou o contrário? Mas a volta, ou o retorno a que aqui me referi é, e isso pode ser constatado no histórico deste blogue, mais um novo reencontro com o mesmo assunto de uma vorteada atrás. Cá me encontro eu, falando sem saber do que, só esperando o próximo espasmo sobre as teclas tirar de mim alguma verdade - ou pelo menos um aforismo bem bonitinho.
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