quinta-feira, 10 de julho de 2014

Sobre ingerir uma poção de cura

"Todos têm um segredo"; "O que só nós dois sabemos já não é mais segredo", afirmam vozes distintas. Pergunto-me: o que só eu sei? Tenho a impressão de não saber, de ter hospedado em uma parte amortecida da mente um pensamento para nunca tirar de lá - tipo aquele dinheiro no banco, que serve para não gastar.
Uma linha de baixo, um solo de guitarra.
Um alívio debaixo da asa, no vôo solo do último pterodáctilo a encarar a face da Terra.
"Olhe em volta, escolha seu chão"; "Corra, coelho, corra".
Ah, pão, por que me alimentaste? Abandonado estou, distante da presença de espírito, que nunca é santo, quiçá são, sou, enfim, perturbado pela altercação e pelas explosões sonoras do planeta entre uma faixa e outra.
Escrevo aqui tentando entender, como quem tenta tomar banho de sol no lado escuro da lua.